Laura
"tou?...olá, pai! ... sim, ta tudo bem...não, ainda não sei de nada, mas em breve já devem estar na net, não te preocupes q serás o primeiro a saber assim que sairem! ... Não, não me esqueço!... Porquê?! Oh pai, o que é que a mãe te disse?!... Pois, mas não te disse o que é que ela me disse a mim, pois não?!...eu sei! Eu sei que não é razão, mas desta vez não aguentei, ela estava a ser muito injusta... Ta bem, mas ela nem se preocupa com o que diz ou a forma como o diz!Não sou de ferro...Oh pai, mas não aguentei, não fiques triste comigo... Não!Não digas isso!Por favor...Eu...pai...Eu sei, não volta a acontecer.Podes passar à mãe?...Ir aí?Mas quando?É que agora é difícil, estava a pensar ir no fim do mês...Não, pai, não desligues assim comigo!Eu vou aí o mais depressa possível, eu prometo!Diz à mãe que gosto muito dela e que peço desculpa.Ligo amanhã para ver se ela já fala comigo, sim?Gosto muito de ti, pai, até amanhã..."

Do anonimato ou a vontade de dormir para sempre

AMANDA
Há uns dias, tive mesmo de sair. Eu sei, a praia está mesmo a dois passos da minha porta e não devia ser tão difícil apanhar um bocadinho de sol. Estou aqui há duas semanas e continuo a ter a cor do Inverno. Mas há uns dias tive mesmo de sair. Por respeito à Patrícia, acho. Pelo respeito que ainda lhe tenho e que afinal me faz acordar. Faltavam coisas básicas cá em casa: papel higiénico, detergente, fruta, leite. O respeito pela Patrícia fez-me sair de casa para comprar umas coisas; para me enfiar numa fila de mercearia com ar simpático e cheio de pessoas sorridentes que até fiam se te faltarem uns trocos para acabares de pagar a conta. Não sei estar com pessoas, se elas estiverem felizes ainda é mais difícil. Não sei estar, nem imagino como é que uma coisa destas se pode desaprender... Como é que se desaprende a ser sociável? Como? Antes as coisas eram tão fáceis. Falei imensas vezes com pessoas cheias de sonhos, algumas utopias, e vi-me, nessa altura, embrenhada como eles nessa vontade única e jovem - adolescente, talvez? - de mudar o mundo. Mudar o mundo... e essa vontade foi há tão pouco tempo. Passaram 20, 30 minutos talvez... É assim que parece. Não sei que caminho foi este que me fez chegar a este mal estar, a este desconforto. A roupa incomoda-me, o cheiro a comida incomoda-me, o som do mar enfurece-me, a felicidade da Patrícia assusta-me... Sempre naquele rodopio de gente crescida, sempre feliz, com aquilo que é dela, materialmente. Até eu tenho lugar nessa lista: na lista dos materiais... E quando dou por mim, depois de uma juventude tão fértil, tão feliz, aqui estou, abandonada com as minhas pequenas frustrações, com o desconforto de levar uma existência anónima. Caminhei lentamente, nos últimos dois anos, para este anonimato, para esta falta de identidade. Não chego a lembrar-me do meu nome. AMANDA: aquela que é amada. A minha certidão de nascimento está errada. Está tudo errado desde o início, afinal. Devia ter negado as minhas utopias, os meus amores, devia ter conquistado o meu lugar no mundo das pessoas que têm um emprego estável das 9h às 17h e que no tempo livre vão a espectáculos e jantam fora e depois cagam perfume quando passam. Devia ter-me transformado nessa pessoa. Afinal, este é o lugar, o fim da linha para onde me trouxeram os meus sonhos. Os meus sonhos, viver pela arte e não dela, conquistar o meu lugar perto da pessoa que amo... Os meus sonhos trouxeram-me para este lugar enfastiado e bolorento. Não quero fazer nada. Não quero estar com nínguem... Durante as insónias, aquilo que desejo verdadeiramente encontrar é um sítio escuro, fechado e longe do sol e do cheiro a mar e a vida, onde possa lentamente desvanecer. Adormecer para sempre...

70's fashion

Laura
Nem sabes! Liguei aos meus pais para saber como vão as coisas por lá e atendeu-me a minha mãe... bem, começou com as cenas dela de que eu agora nunca lá vou e já não quero saber deles e blá blá blá... perguntou-me quando é que tenho férias e quando se apercebeu de que apesar de estar de férias ainda não fui lá...ui!!! Foi o fim do mundo! Começou com as malditas comparações com os meus irmãos...que eles é que sabem dar valor a quem lhes quer, que eles é que escolheram bem a vida que vão levar, que eles é que são espertos e estáveis, que eles isto e eles aquilo!! Que eu não valho nem metade dos meus irmãos e que nunca vou conseguir ter uma vida honrada porque sou estúpida!!! E sabes o que lhe respondi, sabes, sabes????????? Depois de 1 segundo de pausa de assimilação...disse quase insonorizada e imperceptivelmente, com uma calma gélida que de certo roubei a alguém...: "pó caralho"... (expressão que contigo costuma funcionar bastante bem)... mas já comigo...
Bem, quando ela fez "an?" a única coisa que consegui fazer foi imitar ruídos estranhos e desligar como se tivesse perdido a rede...
Não sei exactamente que consequências isto terá, nem sei se ela realmente percebeu, mas... Foda-se, soube bem como o caralho! =)) gostava de ser assim mais vezes =p

Laura
É sábado. São 6h da manhã e ainda não voltaste... Porque não me convidaste? Foi a primeira vez que saíste e não me convidaste... porque o fizeste? É verdade que sempre recusei os teus convites, mas o que é que te garante que hoje seria igual? Podia até ser hoje que eu dizia "sim"...talvez hoje não me faltasse a coragem para te acompanhar por essa noite fora...talvez hoje eu me sentisse capaz...capaz de estar a teu lado e não me sentir tão pequena...capaz de estar junto aos teus amigos e não me sentir idiota...capaz de estar contigo num contexto desses e não me sentir morta, por comparação a tanta vida que emanas...como consegues, Rita? Como consegues ser assim? Tão jovem e tão sábia ao mesmo tempo...tens a fúria de viver e de descobrir das inocentes crianças que pouco sabem do bem e do mal e a sabedoria de quem já passou por suficiente para saber como agir, para saber o que fazer, o que dizer...pergunto-me se não conseguirás controlar até o que sentir... Oh Rita...foi para me proteger não foi? És tão perfeita... não quiseste que tivesse de recusar outra vez...não me quiseste fazer pensar nisso, sabes que me custa dizer-te "não"... Mas não desistas de mim...por favor...és tudo o que tenho aqui... sei que contigo vou conseguir! Só tu...só tu podes...

Artur

"Eu só durmo no bar se ele me der uma arma para ter comigo..."

"O que queres comer?...Deixa que eu peço."

"Eu não tenho nada, nemsei onde se pode arranjar, mas por aqui de certeza que em dois ou três dias já sei de tudo. Assim que souber dou logo novidades...o que é que queres?"

"Sou do Norte..."

"Não me faças perguntas, se eu te quiser contar coisas eu conto..."

"Ouve o meu conselho, eu já estou habituado a isto..."

"Quem é aquela rapariga que estava contigo?... Ai sim? Chama-se Rita..."

"Não me perguntes o que eu tenho, diz-me antes o que queres e eu te fornecerei..."

Sobre as mulheres

Da inércia ou o recado da Amanda para si própria

Ter a cabeça à roda, tanto à roda que não paras para dormir. Mas o teu corpo não obedece quando queres agir, queres fazer, fazer o quê? Vontade não te falta, mas o banco na varanda ao sol acaba sempre por chamar-te mais tentadoramente que as tuas obrigações, ou mesmo que os teus desejos...
Estou entediada, mais que entediada de estar à espera, à espera que a Patrícia volte, à espera que a inspiração chegue e que eu consiga pintar qualquer coisa que não me apeteça queimar, à espera de ter coragem para recomeçar o caminho que ficou planado na estratosfera... Não é assim tão grave, é só aborrecido. Nem sequer tenho paciência para me zangar. Se pudesse zangava-me, talvez com a Patrícia, não sei. Sinto que não sou feliz e que a culpa é dela. Às vezes, principalmente quando estou perto dela e daquela azáfama toda, sinto-me verdadeiramente inútil...

Tenho dificuldade em exprimir o meu estado de espírito ao perceber que apenas a Sheila cumpriu o prometido de começar a escrever no blog. Acharam que era a brincar? Acham que o filme é a brincar? Acham que a brincar faremos alguma coisa de jeito? Eu acredito na boa disposição, acredito que a boa disposição é para levar a sério; e levar a sério significa cumprir com o acordado. Quero ver imagens das meninas do Design de cena, estou à espera de ver as biografias postadas aqui, e quero que os actores comecem a escrever, nem que seja pequenas frases, ou a postar imagens, ou músicas, que de alguma maneira sintam que fazem sentido para as personagens. De que é que estão à espera?

Quem é a Rita

Tenho 24 anos, estou a tirar Mestrado em Ciências da Educação.

Não gosto de meias palavras, não gosto de joguinhos, mas também não sou de tirar o corpo fora se me desafiam...

Não suporto que pensem que não sou capaz de fazer algo, irrita-me, se eu quiser eu faço, é só querer...não há impossibilidades para lá da vontade...ou a pessoa quer fazer e faz...ou a pessoa não quer fazer e não faz...já estou a divagar.

Sou extrovertida, sociavel, adoro sair, conviver, dançar...ser fotografada...ahahaahahah, vejo um flash e faço uma pose. Nada de especial...temos de aprender a gozar a vida, não se sabe o dia de amanhã...

Que mais...odeio a ignorancia...está bem que ás vezes se não sabes não sentes,etc,etc...tretas...sabedoria é poder, se é para sofrer, então sofre logo tudo e passa para outra...agora penar para adiar o inevitável é que não...Por amor de Deus.

Vamos sair desta depressãozinha...bem....

Namoro há uns meses, largos, com o André, tem 22 anos (eu sei, é mais novo), mas tem um espirito divertido como o meu, ou pelo menos tinha...do que me lembro.

Opah é aproveitar o que há! Ele diverte-me, nós divertimo-nos, passamos bons momentos e é só isso que interessa, nada mais...

Rita