"No quarto contíguo à sala, as paredes permanecem brancas, em vez de castanhas, como no cenário ideal. Há uma janela que está aberta e de onde se pode vislumbrar o mar. Então vejamos, temos uma mulher, Patrícia, que acabou de trocar a sua roupa formal por um vestido azulado, temos ainda a tal janela e umas paredes castanhas. Somando os factores o resultado é: Mulher na janela, do pintor Dali.
Patrícia, como acabámos de ver, despiu a sua farda, os seus pés descalços reclamam descanso, mas o corpo pede um pouco de sol. A luta é severa, mas ganha o mais forte. Encontramos por isso Patrícia à janela. Olha para o que se passa com o mar e entrega o seu rosto aos Deuses.
Levanta o pezinho o suficiente para ensaiar uma leve massagem. Definitivamente os seus pés procuram protagonismo. Ela acaba por responder-lhes. Volta-se e segue para a sala. Tira a sua pasta castanha de cima da cadeira e senta-se a acariciar os pés.
Amanda continua no seu descanso. Hoje foi um dia em que o seu corpo se manteve activo, coisa rara. Frequentemente e com grande facilidade cede à inacção.
Os seus olhos remexem debaixo de um fino lençol de pele que os revestem, poderia estar a sonhar com masturbações ou com imagens porno-gráficas, mas não, o movimento do seu rosto revela-nos imagens da sua companheira. Desde que partilha uma vida com Patrícia que os seus sonhos se alteraram, onde antes se formavam massas disformes ageométricas, hoje erigem-se formas mais definidas"
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