quinta-feira, 23 de abril de 2009

Reflexão de Amanda ao acordar (inevitavelmente para mais um dia...)

E quando me debrucei da janela altíssima, sobre a rua para onde olhei sem vê-la, senti-me de repente um daqueles trapos húmidos de limpar coisas sujas, que se levam para a janela para secar, mas se esquecem, enrodilhados, no parapeito que mancham lentamente.
Bernardo Soares, Livro do Desassossego

Mas, porquê é que aquela gaja…? PORQUÊ, 'pá?!

Não lhe custava nada. Não lhe custava mesmo nada ser menos distante… Ela deve pensar que a namoradinha só serve para mobilar a casa! Mas, que bem que fica uma casa com uma gaja deprimida dentro dela… Ela deve dizer isso aos clientes: "Sabem qual é o meu ideal? É aquele onde pudemos encontrar alguém deprimido lá dentro." Sim, repito "alguém." Porque quem sou eu na vida dela?! Sou "alguém". Alguém sem importância, alguém que existe para ser esquecido, alguém que existe mas é como se não existisse… Devo ser muitos "alguéns". A única pessoa que devo ser é a Amanda, a namorada de Patrícia…

Foda-se… Se ela soubesse como me irrita todos aqueles risos estúpidos aos desconhecidos! Ela é do povo! Sorri para toda a gente! Toda agente merece ver a sua alegria de viver! E a mim, caralho? Alguém merece a minha ângustia de não poder criar?! Foda-se, parece que não…

Se ela pudesse… Se ela soubesse… Não lhe custava nada. Não lhe custava mesmo nada ser menos distante…

jps

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