quinta-feira, 30 de abril de 2009

Uma tarde, uma tentativa arruinada, mais idealizações, mais sensações estranhas

Preprei-me para a minha tentativa. Vou tentar conhecer alguém que me queira conhecer. Vesti umas roupas que a Rita tinha lá em casa, pintei os olhos e saí. Hoje vou conseguir. Ela consegue que olhem para ela quando sai assim, por isso eu também vou conseguir pelo menos isso.
Enquanto vinha até ao café já fui galada uma vez e observada outras tantas, por isso acho que está a funcionar.

Disseram-me "só te falta o capuchinho" porque estou de vermelho. Aí, embora tenha gostado que tivessem reparado em mim, acelerei o passo porque fiquei com algum medo que fossem o lobo mau...

No comboio houve um senhor que se sentou à minha frente e não parou de olhar para mim... eu também queria olhar, mas quando os nossos olhares se cruzavam, eu não conseguia evitar e desviava o meu... mas depois isto irritava-me! Porque é que não consigo fazer nada??
Saímos na mesma paragem. Tentei tocar-lhe quando nos levantámos. Fiz com que sentisse o meu cheiro e senti que ele ficou atrás de mim algum tempo a querer cheirar mais. Eu queria virar-me e dizer alguma coisa, mas não sabia o quê...quando consegui finalmente, ele já lá não estava... Típico!!! =/

Não sei bem qual o café...
Há bocado assustei-me com umas sombras no chão. É notável que não estou muito confortável com isto, mas tenho de o fazer e tenho de conseguir.

Coincidência das coincidências! Claro... A Rita apareceu aqui! Disse que queria vir comigo... Não consegui recusar. Ela também queria conhecer gente nova. É bom ter a companhia dela, mas acho que neste contexto preferia estar sozinha...

Começámos por ver algumas lojas e depois eu decidi ir comer, porque ainda não tinha almoçado. Procurámos uma mesa "interessante", mas não havia. Finalmente reparei no senhor que recolhia os tabuleiros. Puxa! Como era interessante! Era alto e tinha um ar misterioso. Estava compenetrado no seu trabalho e parecia não reparar em ninguém. Mas algo me disse que reparava mais do que qualquer outra pessoa ali. Ganhei coragem e levantei-me para lhe levar o meu tabuleiro. "Posso entregá-lo a si?" - disse eu provavelmente corando. Ele assentiu com a cabeça sem sequer olhar para mim e tirando o tabuleiro da minha mão.
Não houve uma palavra, um olhar, um único gesto que demonstrasse algum interesse em mim. Parecia até que as suas palavras, o seu olhar e os seus gestos queriam fugir de mim. Isso continuou a despertar o meu interesse, e ficaria ali o tempo que fosse preciso para satisfazer a minha sede de curiosidade, mas a Rita estava a chamar por mim. Por isso fui.

Passámos por um senhor que fazia caricaturas. Um homem bonito e charmoso, talentoso e maduro. Começou a meter-se com a Rita, claro. Ela ainda ficou uns momentos em dúvida se deveria dar continuidade àquele contacto ou ir embora, mas acabámos por ir... eu teria lá ficado, mesmo que ele nunca olhasse para mim...

A seguir, passámos por um rapazito novo que deixou a Rita logo em sobressalto. Assim estilo André [mas mais bonitinho, vá lá, com uns olhos esverdeados e claros; mas também um bocado mais novo (não sei como é que ela aguenta a imaturidade deste tipo de miúdos!) ]. Ele parecia estar à espera de alguém e ela acabou por desistir da ideia de meter conversa com ele. Acho que também a atormentou naquele momento a ideia de estar a trair o André...não percebo como, uma vez que ele deve estar cansado de a "trair"! Aquilo já nem sequer é um namoro! Não consigo perceber! E ela insiste em andar atrás dele! Uma mulher como ela, que pode ter qualquer um e qualquer uma a seus pés!! Enfim...

Com isto tudo já deu para perceber que o meu propósito deste passeio todo está completamente arruinado perto da Rita. Já adivinhava. Quero ir para casa, mas ela não me deixa.

Começa a fazer olhinhos a uns indianos extremamente desinteressantes e eles vêm logo atrás dela. Querem-na conhecer a ela, mas acabam por ter de levar comigo também, por arrasto...o que eu dispensava seriamente, mas pronto...
Um deles acaba por meter conversa comigo. Eu só quero fugir, que tortura. Lá vou respondendo o mínimo indispensável até começar a sentir a conversa interessante...ele parece querer saber de mim, afinal. Quer saber o que sou e o que faço. Interessou-se até pelo meu curso, o que nunca acontece com ninguém! Fomos os 4 a um café. A Rita começou a meter conversa também com o Sanik, este que estava a falar comigo. Percebi logo o jogo. Não tive hipótese, mas também não quero saber, ele nem era o meu tipo! Agora só quero ir para casa!

Quero ir para casa...!


Laura

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