quinta-feira, 30 de abril de 2009

Uma tarde, uma tentativa arruinada, mais idealizações, mais sensações estranhas

Preprei-me para a minha tentativa. Vou tentar conhecer alguém que me queira conhecer. Vesti umas roupas que a Rita tinha lá em casa, pintei os olhos e saí. Hoje vou conseguir. Ela consegue que olhem para ela quando sai assim, por isso eu também vou conseguir pelo menos isso.
Enquanto vinha até ao café já fui galada uma vez e observada outras tantas, por isso acho que está a funcionar.

Disseram-me "só te falta o capuchinho" porque estou de vermelho. Aí, embora tenha gostado que tivessem reparado em mim, acelerei o passo porque fiquei com algum medo que fossem o lobo mau...

No comboio houve um senhor que se sentou à minha frente e não parou de olhar para mim... eu também queria olhar, mas quando os nossos olhares se cruzavam, eu não conseguia evitar e desviava o meu... mas depois isto irritava-me! Porque é que não consigo fazer nada??
Saímos na mesma paragem. Tentei tocar-lhe quando nos levantámos. Fiz com que sentisse o meu cheiro e senti que ele ficou atrás de mim algum tempo a querer cheirar mais. Eu queria virar-me e dizer alguma coisa, mas não sabia o quê...quando consegui finalmente, ele já lá não estava... Típico!!! =/

Não sei bem qual o café...
Há bocado assustei-me com umas sombras no chão. É notável que não estou muito confortável com isto, mas tenho de o fazer e tenho de conseguir.

Coincidência das coincidências! Claro... A Rita apareceu aqui! Disse que queria vir comigo... Não consegui recusar. Ela também queria conhecer gente nova. É bom ter a companhia dela, mas acho que neste contexto preferia estar sozinha...

Começámos por ver algumas lojas e depois eu decidi ir comer, porque ainda não tinha almoçado. Procurámos uma mesa "interessante", mas não havia. Finalmente reparei no senhor que recolhia os tabuleiros. Puxa! Como era interessante! Era alto e tinha um ar misterioso. Estava compenetrado no seu trabalho e parecia não reparar em ninguém. Mas algo me disse que reparava mais do que qualquer outra pessoa ali. Ganhei coragem e levantei-me para lhe levar o meu tabuleiro. "Posso entregá-lo a si?" - disse eu provavelmente corando. Ele assentiu com a cabeça sem sequer olhar para mim e tirando o tabuleiro da minha mão.
Não houve uma palavra, um olhar, um único gesto que demonstrasse algum interesse em mim. Parecia até que as suas palavras, o seu olhar e os seus gestos queriam fugir de mim. Isso continuou a despertar o meu interesse, e ficaria ali o tempo que fosse preciso para satisfazer a minha sede de curiosidade, mas a Rita estava a chamar por mim. Por isso fui.

Passámos por um senhor que fazia caricaturas. Um homem bonito e charmoso, talentoso e maduro. Começou a meter-se com a Rita, claro. Ela ainda ficou uns momentos em dúvida se deveria dar continuidade àquele contacto ou ir embora, mas acabámos por ir... eu teria lá ficado, mesmo que ele nunca olhasse para mim...

A seguir, passámos por um rapazito novo que deixou a Rita logo em sobressalto. Assim estilo André [mas mais bonitinho, vá lá, com uns olhos esverdeados e claros; mas também um bocado mais novo (não sei como é que ela aguenta a imaturidade deste tipo de miúdos!) ]. Ele parecia estar à espera de alguém e ela acabou por desistir da ideia de meter conversa com ele. Acho que também a atormentou naquele momento a ideia de estar a trair o André...não percebo como, uma vez que ele deve estar cansado de a "trair"! Aquilo já nem sequer é um namoro! Não consigo perceber! E ela insiste em andar atrás dele! Uma mulher como ela, que pode ter qualquer um e qualquer uma a seus pés!! Enfim...

Com isto tudo já deu para perceber que o meu propósito deste passeio todo está completamente arruinado perto da Rita. Já adivinhava. Quero ir para casa, mas ela não me deixa.

Começa a fazer olhinhos a uns indianos extremamente desinteressantes e eles vêm logo atrás dela. Querem-na conhecer a ela, mas acabam por ter de levar comigo também, por arrasto...o que eu dispensava seriamente, mas pronto...
Um deles acaba por meter conversa comigo. Eu só quero fugir, que tortura. Lá vou respondendo o mínimo indispensável até começar a sentir a conversa interessante...ele parece querer saber de mim, afinal. Quer saber o que sou e o que faço. Interessou-se até pelo meu curso, o que nunca acontece com ninguém! Fomos os 4 a um café. A Rita começou a meter conversa também com o Sanik, este que estava a falar comigo. Percebi logo o jogo. Não tive hipótese, mas também não quero saber, ele nem era o meu tipo! Agora só quero ir para casa!

Quero ir para casa...!


Laura

Sonho? Imaginação? Realidade? Idealização?

Amanda...

Fala-se de amor, de relações conjugais. Pergunta-se porque é que estas relações nunca duram muito.
A Amanda deixa de estar "aqui". Uma lágrima humidifica o canto do seu olho esquerdo. Porquê? Terá começado a pensar na sua relação presente? No seu passado? Na sua incapacidade de voltar a acreditar, voltar a acreditar no amor, numa relação que a possa preencher, que a possa completar, que a faça voltar a pintar. Qual a relação entre o amor e a arte na Amanda? Sem amor não há arte. Aliás, sem arte não há amor! Por isso é que a Amanda está tão vazia... se não se acredita, não há nada. Não se faz, não se concretiza, deixa de se sentir. Não há nada. O tempo desaparece, deixa-se de viver, existe-se apenas.

"Laura, porque perguntas sempre porquê?"
"Não sei o que me falta mais a mim. Se amor ou se arte..."
"Quanto mais vazia está, mais próxima de mim ela se encontra"

Pensando e escrevendo

"Faço muito, mas de forma solitária, porque não sou capaz de concretizar o que sinto, penso e sonho com outras pessoas. Nunca passa de sentir, de pensar e de sonhar."


Em "bloco de escritos" da Laura

Laura e André sozinhos em casa

"A Rita saiu. O André ficou e sinto-me mal. Quero que ele saia. Tirem-me daqui!! Porquê? Porque é que ele fica aqui? Chato, deve pensar que a casa é dele!"

"Este estúpido olha sempre para mim como se eu fosse um ovni!! Ele é que é um ser à parte, ninguém o entende! Só há uma diferença entre mim e ele nisto de se ser à parte: é que ele tem mais mania! Ele tem é muito a mania!!! ... Otário!"



Em "bloco de escritos" da Laura

Observações / escritos / fragmentos de pensamentos da Laura

Hoje decidi ir para a faculdade de autocarro, o que é bastante raro.
Este ainda nem chegou, ainda não passei da paragem e já surgiram figuras muito interessantes. Inéditas até, diria eu.
Uma senhora surge da direita. É careca, tem meia dúzia de cabelos na nuca, meia dúzia atrás das orelhas e mais meia dúzia na zona atrás da franja. Qual a estranheza maior na imagem? Esta senhora usa bandolete. Uma bandolete grossa e preta, como se tivesse uns fartos cabelos!
Pus-me a pensar porque será que ela o fazia. Bem, num sentido mais prático, este facto dever-se-á à meia dúzia de cabelos acima da zona da franja que lhe poderão descer para os olhos e fazer confusão. Num sentido mais psicológico, dever-se-á a uma vontade inconsciente ou não, de ter os cabelos que, provavelmente, já terá tido outrora. Poderá demonstrar apenas essa vontade, ou talvez mesmo uma mente que já vive numa realidade à parte. Põe-se então a questão: terá ela consciência de que não tem cabelos, ou acreditará plenamente na existência deles? Fica a questão no ar.
Passado uns momentos de me ter esquecido de tentar responder a esta questão, surgiu um homem, também da direita e pôs-se ao meu lado em pé. Qual a estranheza dele? Falava sozinho. E não de uma forma qualquer, não. Ele estava convicto do que dizia e havia um receptor algures. Não me pareceu esquizofrenia porque o tal receptor não era um ponto exterior à cabeça dele, ele não parecia acreditar que estivesse alguma figura perto dele a ouvi-lo. Não, o receptor parecia estar somente na cabeça dele. O que será isto então? Alguma forma de doença na mesma? Alguma forma de demência? Ou será simplesmente o exteriorizar de pensamentos dicotómicos das várias vozes que todos temos na cabeça? Mais uma questão sem conclusão.
Entrei para o autocarro. Uns minutos mais tarde uma senhora ao meu lado quase morre de um ataque de tosse, talvez se tenha engasgado. Ninguém a tenta ajudar...


Em "bloco de escritos" da Laura

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Investigação?

A LESBOA PARTY recebe a Girlie Circuit Festival Pré-Party, no próximo Sábado, dia 2 de Maio, a partir das 23h30, no EspaçoKarnart, em Lisboa. O cartaz, com as DJ’s Lydia Sanz e Tânia Pascoal à cabeça, promete e irá cumprir como é tradição das festas LESBOA.

Bilhetes à venda, no dia e local:

15 Euros (com direito a 2 bebidas de oferta).

EspaçoKarnart:

Rua da Escola de Medicina Veterinária 21, Lisboa

Meus amigos,

Terminei agora a cena 18, 19 e 20 sem correcções e reparos finais. O material vai ser enviado amanhã. Já batendo a meia-noite e já que visito este espaço criativo, deixo-vos a inquietação que a escrita revela:

"Minha cabeça estremece com todo o esquecimento.
Eu procuro dizer como tudo é outra coisa.
Falo, penso.
Sonho sobre os tremendos ossos dos pés.
É sempre outra coisa, uma
só coisa coberta de nomes.
E a morte passa de boca em boca
com a leve saliva,
com o terror que há sempre
no fundo informulado de uma vida.

Sei que os campos imaginam as suas
próprias rosas.
As pessoas imaginam seus próprios campos
de rosas. E às vezes estou na frente dos campos
como se morresse;
outras, como se agora somente
eu pudesse acordar.

Por vezes tudo se ilumina.
Por vezes canta e sangra.
Eu digo que ninguém se perdoa no tempo.
Que a loucura tem espinhos como uma garganta.
Eu digo: roda ao longe o outono,
e o que é o outono?
As pálpebras batem contra o grande dia masculino
do pensamento.

Deito coisas vivas e mortas no espírito da obra.
Minha vida extasia-se como uma câmara de tochas.

– Era uma casa – como direi? – absoluta.
(...)"

de Herberto Helder, Poemacto, 1961.



Ana

terça-feira, 28 de abril de 2009

Reflexão de Rita (depois de ter dado uns mergulhos na Praia Grande)

És bem vinda, amor,

se ainda te apetecer

tal aventura.

Jorge Palma

Desculpa, mas não consigo. O meu orgulho é maior do que o amor. Não há amor que resista se sentirmos que nada vale a pena. Não, não insistas. O que aconteceu, aconteceu. É passado. Uma vez por todas, esforça-te por perceber as coisas. Ah, não percebes? Óptimo! É uma oportunidade para cresceres. Não queres crescer? Então, não cresças. Não, não venhas com esse discurso. Não, porra! Esse discurso daquele que ama incondicionalmente cada vez me parece mais inconsciente. Sim, eu sei. Eu sei que hoje não bebeste. Mas, não precisas de beber para ser um inconsciente. Não! Outra vez? Porque insistes? Achas que é assim que vais conseguir? Não sejas ridículo…

Queres um abraço? Ah sim? Julguei que quisesses outra coisa de mim… Tonto. Outro? Está bem, seja outro. Sabes que, às vezes, és um parvo, não sabes? Claro que sim, palerma! Mais um abraço! Está bem, eu dou-te todos aqueles que tu quiseres…

Mas, o que tu merecias, era um par de estalos…

jps

Rasto de pensamento de Artur (ao entrar no milésimo bar da noite)

Come (shove it, shove it, shove it)
Shove (shove it, shove it, shove it)
The sun (shove it, shove it, shove it)
Aside (shove it aside)
Deftones

Não, não sou um gajo de empates. Sou um gajo que sabe aquilo que quer: cona. E não há nada em que ter pudor nisso! Qualquer gajo que se preze quer o mesmo que eu! Cona, cona, cona e cona. Há alguma coisa melhor? Não me parece… Uma cerveja pode saber bem, um charro ainda melhor… mas se não houver cona, um gajo não se aguenta nas canetas… Talvez eu pudesse ser um gajo digno, um gajo em que se pudesse confiar, um gajo que tivesse escrúpulos… Mas… se o fosse, nunca seria eu! Mas sejamos francos, não ser eu significa que poderia ser outra pessoa… Essa outra pessoa não seria este Artur. Seria um outro Artur. Um Artur que sabe SER… Hein?! O que 'stou eu a dizer? Parece que já sei filosofia… Estou todo o fodido! Deve ser falta de cona… Foda-se… isso é que não, caralho…

(Gritando) Ó Teresinha!
jps

Quantas luas até ao fim?

Um tema duma banda da qual eu era mesmo, mesmo fã quando era chavalo. Haverá mesmo luas que matam? E de que mortes podemos nós morrer sem morrer? Este vem dum álbum chamado Ocean Rain. Apropriado?


Echo & The Bunnymen - Killing Moon

Under blue moon I saw you
So soon you'll take me
Up in your arms
Too late to beg you or cancel it
Though I know it must be the killing time
Unwillingly mine


Fate
Up against your will
Through the thick and thin
He will wait until
You give yourself to him


In starlit nights I saw you
So cruelly you kissed me
Your lips a magic world
Your sky all hung with jewels
The killing moon
Will come too soon


Fate
Up against your will
Through the thick and thin
He will wait until
You give yourself to him


Under blue moon I saw you
So soon you'll take me
Up in your arms
Too late to beg you or cancel it
Though I know it must be the killing time
Unwillingly mine


Fate
Up against your will
Through the thick and thin
He will wait until
You give yourself to him


Fate
Up against your will
Through the thick and thin
He will wait until
You give yourself to him
You give yourself to him


La la la la la...

Estrutura do nosso filme

SELENOGRAFIA

Duas notas: Anda em cima da mesa a velha questão de Apolo e Dionísio (a cena 12 seria, de certa forma, a descida de Dionísio à Praia Grande); e
"Selenografia" é a ciência que estuda a Lua. É, também, a minha proposta para o nome do filme.

CENA 1 – Apartamento sem mobília. 

Persianas corridas, vaga réstia de luz no apartamento sombrio. Amanda está sozinha. Pinta sobre uma tela estendida no chão. Que sentimentos expressam os seus traços? Em que vertigem se demora ela, e em que angústia? De quem pinta ela a ausência? 
      
CENA 2 – Estrada de Colares. 15 de Junho. Terça-Feira.

Um Toyota Carina de 1990, cinzento-escuro, serpenteia por esta estrada. A CÂMARA segue-o à distância, com o pudor devido àqueles com quem ainda não se travou conhecimento.É impressionante, a nossa estrada, que conduz da Sintra à Praia Grande. Estreita, plena de curvas, e recolhida sob um tecto formado pelas copas amplas das árvores imensas que ladeiam o caminho. Podemos ver aquele carro a fazer as curvas antes de nós e a desaparecer atrás do arvoredo, para reaparecer logo em seguida, quando chega a nossa vez de tornear o caminho. Mantemo-nos no nosso curso, à mesma distância respeitosa. Não somos yankees, grosseirões, e não é da nossa índole precipitar as apresentações, com uma mão estendida à altura das fuças de um interlocutor surpreendido. Não vemos, aliás, o propósito de atalhar caminho, quando esta estrada nos conduzirá - estamos certos disso - ao mesmíssimo destino daquele Toyota. Não temos pressa alguma.
Por fim, a Praia Grande, lá em baixo. O carro desce, e nós com ele.

CENA 3 – Bar de Praia. Mesmo dia.


A tarde finda, o sol já declina no horizonte. O Toyota (vêmo-lo agora - conduzido por um homem de meia idade e transportando, como passageiras, Rita e Laura) estaca a sua marcha junto ao bar. As raparigas saem, despedidas breves. O automóvel dá meia-volta e desaparece. 
Artur flirta com uma cliente no bar semi-vazio. Rita e Laura sentam-se ali.
Patrícia surge, um pouco depois. Sorrateira, como um gato. Artur pressente a chegada da amiga. São os dois, afinal, do mesmo género, do mesmo molde. Prestam tributos ao mesmo Deus pagão, e reconhecem-se à distância.
As chaves do apartamento passam das mãos de Patrícia para as de Rita, uma vez feitas as apresentações. É a altura de André surgir, numa pausa do trabalho. Ignora Rita. Terá sido de propósito? Hipótese inconcebível!
Rita levanta-se, faz-lhe cerco. André não a tinha visto. Afirma ele... Que esquisito que ele está! Esquisito, esquivo... Logo à noite não dá para se encontrarem?? Muito cansado? A desculpa é aceite, Rita quer perceber primeiro aquilo com que está a lidar. 
Patrícia elogia Laura, que aguarda, sozinha, por Rita. Serão só palavras de circunstância? Laura fica embaraçada, claro.

CENA 4 – Apartamento vazio. Noite do mesmo dia.


Chegada da Patrícia a casa. Depois do seu dia de trabalho troca de roupa e descansa um pouco sentada frente ao computador. 
Amanda, sua namorada, também está no apartamento. Vive como um vulto, poucas são as vezes em que se afirma numa conversa, mesmo que seja com a sua namorada. 

CENA 5 – Super-mercado. Dia 18 de Junho. Sexta-feira.

Manhã. Amanda acorda, vai até à cozinha e percebe a pobreza em que se mantém. Decide-se a sair de casa para ir ao super-mercado. 
Depois de sair do super-mercado vê Patrícia com um homem desconhecido. Parece haver um flirt entre eles. Amanda, que avista tudo de longe, fica em estado de suspeita. Assume a sua posição de “detective”, que se irá afirmar durante toda a sua estadia pela Praia Grande.
Acabará por seguir Patrícia e este homem até um edifício de apartamentos, onde estes entram. Amanda fica cá fora, destroçada, imóvel.

CENA 6 – Piscina do Hotel da Praia Grande. Mesmo dia.

Tarde. Desde a piscina, Rita observa, no areal, André, que bebe, sorrateiramente, uma cerveja que ali lhe levou Artur. Os dois homens seguem com o olhar as veraneante que passam, de biquini. Rita compreende já as razões do afastamento de André. É uma mulher orgulhosa – e a vingança é irmã do orgulho. 
Laura tenta alegrar a amiga. Mas Rita é uma actriz. Esconde rapidamente o seu desânimo. E Laura fica, em mais de um sentido, a falar sozinha das virtudes de algo que, afinal, nunca experimentou: o amor.

CENA 7 – Bar de Praia. Mesmo dia.

Tarde. A cena continua imediatamente a anterior. Artur regressa da praia, onde foi entregar a cerveja a André. Patrícia aguarda-o no bar, sorridente. Mais do que isso: verdadeiramente solar.
Artur pergunta por Amanda. Patrícia passou o dia a “a mostrar apartamentos a clientes”, mas espera que Amanda vá ali ter dentro em pouco.
Artur e Patrícia bebem, divertem-se, sem remorsos. Artur expande-se, fala de André, e das lições que lhe tem dado. Interessa percebermos que André está a receber formação militar de puro machismo.
Amanda não vem. 

CENA 8 – Saída da piscina. Mesmo dia.

Fim de tarde. Rita e Laura saem do recinto da piscina para a rua. Laura segue um pouco atrás. Cruza com um rapariga que lhe atrai a atenção, por parecer não pertencer àquele espaço. Como ela própria afinal. 
Laura vira as costas para observá-la melhor. Trata-se de Amanda, que vagueia por ali, aparentemente sem destino. Para surpresa de Laura, Amanda vira-se para trás e encara Laura directamente nos olhos. 

CENA 9 – Apartamento vazio.

Amanda entra no apartamento. Patrícia parece um pouco surpreendida por a ver chegar tão tarde – mas não demasiado surpreendida. Segue-se uma cena de ciúmes. Patrícia explica-se: era um cliente, o homem com quem a viu Amanda.
No dia seguinte, o Artur dará uma festa no Bar. As duas irão, como um casal. Sim, Patrícia ainda a ama. Amanda aceita esta migalha de esperança.

CENA 10 – Bar. Mesmo dia.

Já passou a hora do fecho. Artur e André conversam e embebedam-se nas cadeiras da esplanada. A Rita virá à festa, amanhã. Que vais fazer... quanto a isso, pergunta Artur? É tarde demais para se procurar uma resposta racional ou sensata para semelhante questão. Dionísios já desceu sobre estes dois homens, e os planos de futuro são, todos eles, inúteis. Será, enfim, como tiver que ser. Risos.
Esperem: Há ali uma terceira pessoa? Sim, uma rapariga que não conhecemos, adormecida, de bêbada, sobre duas cadeiras. Artur leva-a para casa – ali, a dois passos Hoje fico eu com o quarto... Depois tranca a porta do bar, ok, parceiro? André está agora sozinho. E que bom é podermos ser jovens e livres na mais profunda solidão!

CENA 11 – Casa de Artur e André. Dia 19 de Junho. Sábado.

Manhã. Artur acorda, estremunhado. Olha para o lado, na cama. Ninguém. Levanta-se aos tombos, tenta focar o olhar no relógio. Já passa da hora de abrir o bar! Deslocando-se na casa escurecida, procura André. Este não está em lado nenhum. Abre as portadas para o dia, esplendoroso. O mar ruge à distância.
Encontra André cá fora, adormecido no chão. Artur apressa-se a acordá-lo. É preciso que André vá rapidamente trabalhar. Impõe-se um duche de água fria – ou, e porque não?: uma sessão de surf retemperador.

 CENA 12 – Bar. Muito ainda a ser definido...

O que se realmente há a definir é como decorrerá toda a situação no bar, à noite, durante a festa que reunirá todos os personagens. Trata-se de uma longa cena (na realidade, desenrola-se ao longo de várias horas, portanto constitui mais do que uma cena) que incorpora, pelo menos, os seguintes elementos:

Rita confrontará finalmente André, que está completamente bêbado, quase em transe. Acabará por ser bruto e ofensivo para com Rita. Artur tenta moderar a discussão. André dirá a Artur – sem mágoa, com o coração aberto, generoso, amigo - que quer que este vá para a cama com Rita. Rita, ofendida, prepara-se para se ir embora, mas Artur retém-na ali.

Patrícia e Amanda comparecem, como casal. Mas as esperanças de Amanda serão esmigalhadas pela atitude de Patrícia, que não pode, nunca, deixar de ser “maior do que a vida”. Amanda sente ser só um parte secundária na vida de Patrícia, e abandona a festa mais cedo, mas não sem antes, e às escondidas de todos, beijar Laura – sem que se troque, entre as duas, uma palavra.

André tentará, por motivo nenhum, senão a locura dionisíaca, agredir Artur, mas acaba por ser espancado por este, muito mais forte.

Artur, Patrícia e Rita bebem continuamente, levam ao máximo o extâse dioníasíco. (há muito trabalho de escrita para fazer aqui... Artur, nesta cena, destacar-se-á – é aqui que se dá a sua metamorfose...). Ao fim da noite, acabará por levar Rita para sua própria casa. Esta, bêbada e motivada pelo orgulho, aceita de bom grado ter Artur para companheiro dessa noite.

CENA 13. Apartamento de Artur e André. Mesma noite

Rita e Artur têm relações. Aqui (uma vez mais), dou-te a palavra, Hugo:

…ouvimos a pele a rasgar… os cabelos prenderem-se às mil mãos de cada um… imagens perdidas… vultos escurecidos pelas sombras azuis… sobrevivem através dos ruídos… a arma de cada um fere o corpo do outro… sangram… gritam… gritam… a noite dilata as feridas… continuam… repetem-se... até que a manhã traça um risco amarelo no horizonte… ri-se deles... de nós... fim.

CENA 14 – Praia, junto à falésia. A mesma noite.

André abandona a festa e dirige-se para a praia. Laura segue-o. Junto à falésia ocorre a tentativa de violação. Laura, como sabemos, não resiste e, mais até, oferece-se a André. Este é, afinal, incapaz de ter relações com ela. Adormecerá, bêbado e decadente, junto a Laura. Esta dir-lhe-á (embora sabendo-o já adormecido) o quanto gostava de ser como uma rapariga típica da idade dela – e também que compreende agora que nunca o poderá ser. Muito trabalho de escrita, para aqui, já que é quando Laura se afirma como “a mulher que realmente é”, a (eterna) estudante tímida de Cultura Grega... e é este o final do seu arco dramático.

CENA 15. Apartamento de Rita e Laura. 20 de Junho. Madrugada de Domingo.

Madrugada. Laura entra em casa. Rita já lá se encontrava. Trocam poucas palavras. Rita diz que vai voltar para Lisboa. Laura tenta dissuadi-la, mas demasiado timidamente. Rita partirá nesse mesmo dia. (Laura vai com ela? Eu diria: sim)

CENA 16. Apartamento vazio. Mesmo dia.

Noite. Patrícia dorme. Amanda traça-lhe o retrato.
 
CENA 17. Praia. 21 Junho. 

Amanda, completamente vestida, entra no mar. André entra para salvá-la. Artur, que observa a cena ao longe, vai a correr e junta-se ao salvamento.
Os dois homens retiram Amanda do mar. André está alterado, imensamente preocupado com Amanda, age como um verdadeiro profissional – acto que o regenera moralmente.
Artur e André farão as pazes, mas a relação de mentor e aluno acabou. São agora dois estranhos que se respeitam.

CENA 18. Apartamento vazio.

É com uma nota agridoce que termina esta “Selenografia”:
Noite. Amanda repousa sobre a cama. Patrícia vigia-a de perto. O apartamento está às escuras, a luz que entra é a da rua. A custo, Amanda conseguirá, enfim, falar dos ciúmes que a dominam. Sente-se, em parte, protegiada pela seu desaire dessa manhã. Espera caridade de Patrícia.Patrícia, no entanto, será sincera na resposta às inquietações de Amanda (Patrícia não sabe ser de outra maneira). 

CENA 19. O engate.

Patrícia relatará, então, um engate recente. Recordam-se do episódio da lingerie? É a actualização deste. Talvez ela lhe conte que aquilo homem com quem Amanda a vira (cena 5) era, de facto, um engate. Ou talvez lhe conte como, recentemente, foi a um bar especificamente para engatar um homem mais velho – qualquer homem mais velho... e que foi tão longe quanto o desejou.
À história relatada por Patrícia corresponderão imagens, a que se sobreporá (talvez) a voz-off da narradora.

CENA 20. Apartamento vazio. A mesma noite.

Patrícia acaba o seu relato. Amanda percebe que nunca terá forças para impor, naquela relação, um modelo diferente. Nunca se sentirá realmente amada. Por outro lado, não tem a força que lhe permitiria sair da relação. É fraca, e está sujeita a Patrícia para todo o sempre.
Exactamente no momento em que constata isto mesmo, olha para Patrícia. Esta surge-lhe como uma silhueta negra, que se destaca contra o céu azul nocturno, onde a lua cheia e cor-de-rosa brilha intensamente, impiedosamente.


Amanda's Love Affair

I don't know what I'm doing/ I don't know what I'm saying                    I don't know why I'm watching all these white people dancing

I don't know where I'm going/ But I do know that I'm walking/ Where?
I don't know.../ Just away from this love affair

I can't say that I'm cruisin'/ Not that I don't like cruisin'/ Just that I'm bruisin from you

I can't say that I'm waltzin'/ Not that I don't like waltzing/ Would rather be waltzin' with you

So I guess that I'm going/ I guess that I am walking/ Where?
I don't know.../ Just away from this love affair

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Para Amanda

Fazes-me querer morrer
Por ter vergonha de existir como sou




Cheila

Rita's Diary - Depois de se ter aventurado com Artur- Depois de tudo...

Devia ter parado...devia ter voltado atrás...
Será que ele ainda em espera?
Será que ainda me quer?
Será que ainda me quero?
Será que ainda me quero...dar?...Assim...

O que fui já não sou...e o que sou não reconheço como sendo eu...
Avancei...e perdi...perdi-me
Avancei com os olhos no passado, com o coração em Évora...e hoje olho para mim num espaço e tempo que forjei. Que construi sendo outra que não eu.
Acabei violada por mim, violei a minha mente, o meu corpo, o meu ser...
Que vontade de tirar esta pele como se tira a uma ovelha...se por fora já não me reconheço, queria ao menos confirmar se ainda sou real, humana, se ainda me resta materia para me erguer denovo.

Quererei erguer-me?
Quererei erguer-me de novo?
Vou buscar o meu coração?
Mudo de nome?
"Mas o que é que existe num nome?
A flor a que chamamos rosa, deixa de ter perfume se lhe dermos outro nome?"

"De mim só me falto eu...
Senhora da minha vida"
E não de uma vida que quero ter, ou sei lá.

SÓ!! É como deveria ter ficado, é onde estou agora...
Que alivio...
Era um dos meus maiores medos...só...parada...sozinha...num tempo e espaço que não param por eu parar...
E o que importa?...Que alivio...que paz...já arranquei a minha pele de aluguer sem dor...tão leve que estou agora...
Tanto tempo a apostar em mim sem o ser...que desperdicio...NÃO...serviu para o que serviu...foi o que foi...sou o que sou...depois do que fui e antes do que serei...SIM...porque nada acaba aqui...eu não acabo aqui.

Para mim, um orgulho positivo, que me dignifica e me ergue em tempos como este...
Capricho? NÃO, busca pelo que é, não pelas pessoas, sou obsessiva pelo conhecimento, pela clareza, pelos factos...
Mas o conhecimento é tão trágico...
Que ganhei eu por conhecer as coisas?
Por saber exactamente o que são?
Consciência?
Mas isso deu-me felicidade?
Mas é isso que interessa?
Ser feliz?
Que faço eu com isso?
Meto ao peito?
Mostro aos outros?
O que é que os outros têm a ver com a minha vida?
Porque assim decidi!
Tomas decisões...fazes escolhas...isso é a vida!
Não estás feliz com a escolha que tomaste? Toma outra...é disso que a vida se faz!
A vida não acaba por uma má decisão...uma má decisão é uma boa oportunidade de escolheres outro caminho...
e sozinha pensas melhor...escolhes melhor...se tivesse parado teria escolhido melhor...


Rita

Charlie Brown Jr - Be Myself

http://www.youtube.com/watch?v=SkcdCXTgBWA

Fica a sugestão. "Todo o mal que é dirigido a nós, nos fortalece e eu não vou desistir, O que vale nessa vida é o que se vive, é o que se faz". Talvez em ambientes de André ou Artur.

Diogo Branco

domingo, 26 de abril de 2009

Selenografia

Ou, de outra forma:

O sucesso das missões Apollo contra os perigos do espaço exterior pouco conta, face às provações que as nossas personagens vão enfrentar na Praia Grande - localização muito propícia à formação de crateras de todo o género.

O nosso filme é um estudo da superfície lunar.

Medindo as Dimensões das Crateras Lunares

A lua não conhece atmosfera, e nada impede

ali a queda abrupta dos meteoros e cometas

que escavam a sua face brilhante e embrutecida

assim como ao rosto belo de um velho lobo-do-mar

o mar rouba a lisura e enche as rugas de sal.

Desde as falésias altivas descem-se mil derrocadas

que o astro prateado contempla na queda grave

e embatem nos telhados nas cadeiras das esplanadas

nos copos cheios de sangria nas águas e nas areias

No mais recôndito canto onde se esconda um amante

ouve-se já o rumor desse insano desabar

é um Deus que desce à praia e nós não somos

ninguém.

Rarefeita e fria e agreste é a nossa

costa

atlântica.

Mentira... Patrícia

Como tORNAR-SE hISTRIÓNICO

-Interacção com os outros caraterizada por sedução sexual inapropriada ou comportamento provocador..

-Exibe expressões emcionais que mudam rapidamente e se mostram superficiais..

-Usa consistentemente a aaprência física para atrair as atenções sobre si..

-Tem um estilo de discurso que impressiona excessivamente mas é fraco nos detalhes...

Patrícia

O Declínio da Mentira

O meu desejo de ti é forte para contê-lo-
assim ninguém vai culpar-me se à noite for ter contigo pela estrada dos meus sonhos..
Não há como vê-lo nesta noite sem luar estou deitada desperta, os seios ardendo em desejo e o coração em chamas... sei que tem de ser assim no mundo real e tão cruel- até mesmo nos meus sonhos nos escondemos dos outros...
Desperta esta noite pela maior solidão, não posso deixar de ansiar ardentemente a vinda de um belo luar.

sábado, 25 de abril de 2009

Dyonisos ou a lua

Agave, Persephone, Semele, são diferentes nomes para diferentes aspectos da noite. E da relação da lua com a água todos sabemos um pouco. Da lua com lobos, lobisomens, mulheres e homens também. Que nesta noite solar, na praia grande à beira-mar, desça o deus do vinho e da loucura. Saibamos recebê-lo.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Quem se vence, vence o mundo. — Vincere cor proprium plus est quem vincere mundum.

Palavras ditas, pancadas dadas. — In maledicto plus injuriae quam in manu.
O sol nasce para todos. — Sol lucet omnibus.
O passado, passado! — Praeterita mutare non possumus.
Devagar se vai ao longe. — Paulatim deambulando, longum conficitur iter
Dinheiro é que faz dinheiro. — Nummus nummum parit.
Com o tempo, vem o tento. — Dies posterior prioris est discipulus.
Com paciência e perseverança, tudo se alcança. — Labor improbus omnia vincit.

Estas frases e mais algumas que postei para a Rita, fazem-me sentido para a personagem da Patrícia

De Inês S. para Patrícia

O beijo de Amanda a Laura

No ensaio de ontem surgiu uma ideia... propomos uma cena:

Na cena de chegada da Rita e da Laura à praia grande, Amanda está a sair de junto de Patrícia pouco antes da Rita e da Laura se apresentarem a Patrícia. Assim, Amanda e Laura cruzam os olhares pela primeira vez e há algo nesses olhares... uma cumplicidade estranha e cativante.
Talvez se voltem a cruzar numa esplanada ou na praia, onde Amanda está a tentar pintar. Laura aproxima-se e senta-se junto de Amanda. Poucas palavras são trocadas, se as houver realmente, mas o olhar é intenso.
Na festa, Laura está sozinha numa mesa, talvez farta de estar ali, talvez procurando alguém, e desta vez é Amanda quem se aproxima. Não se diz nada, há um beijo imediato e Amanda sai.

Amanda tentou perceber a vida da Patrícia e as suas traições. Tentou fazer o mesmo, mas percebeu que não era capaz. Isso deixa-a ainda mais deprimida. Não é a culpa, não. Ela não sente culpa, ela adoraria conseguir fazer aquilo todos os dias, como o faz a Patrícia, mas não consegue. Mais uma vez tem que lidar com o "não conseguir"... e isso é duro e injusto demais...

Laura deixou-se levar. Talvez nem tenha tido tempo de recusar, mas mesmo que o tivesse não o faria nunca. Ela não sabe o que pensar, mas sentiu-se bem com aquilo. A figura da Amanda e a sua energia estranha cantivam-na. Ela queria poder saber mais, mas percebe que aquele beijo foi único e sem repercussões. Isso não a atormenta, apenas a faz idealizar mais um pouco... porquê aquele beijo? porquê aquela energia tão estranha?... poderia tudo isto ter sido diferente?... poderia ela ter feito algo mais para prolongar aquela relação com aquela pessoa?... será que ela quereria fazê-lo realmente?... Laura fica a sonhar embebida nas suas questões, uma vez mais.

De Inês S. para todos ;)

Rita e o seu boy toy



De Inês S.

"Aprende chorando e rirás ganhando. — Litterarum radices amarae, fructus dulces"




É difícil esquecer de repente um longo amor. — Difficile est longum subito deponere amorem
A maior vingança é o desprezo. — Injuriarum remedium est oblivio.
Cada qual tem seu defeito. — Aliud alic vitio est.
Como cada um se estima, assim o estimam. — Quantum quisque se ipsum facit, sic fit ab amicis.
Debaixo duma ruim capa está um bom jogador. — Sub sordido palliolo latet sapientia.
Dos meninos se fazem os homens. — Crescit in egregios parva juventa viros.
É melhor errar com muitos que acertar com poucos. — Sentientum cum multis.
Ninguém é obrigado a fazer o impossível. — Ad impossibilia nemo tenetur
O passado, passado! — Praeterita mutare non possumus
O que é ruim de passar é bom de lembrar. — Quae fuit durm pati meminisse dulce est.
O sono é parente da morte. — Somnus est frater mortis
O travesseiro é o melhor conselheiro. — In nocte consilium
Os olhos são a janela da alma. — Oculus animi index
Para não acabar, é melhor não começar. — Aut non tentaris, aut perfice.
Sobre gosto não se discute. — De gustibus et coloribus non est disputandum


Frases em latim
De Inês S. para Rita




Quem se faz de ovelha, o lobo o come. — Quisquis ovem simulat, hunc lupus ore vorat.
Quem aos vinte não barba, aos trinta não casa e aos quarenta não tem, não barba, não casa, não tem. — Sera sunt baba pos vigesimum, scientia post trigesimum, divitiae pos quadragesimum.
Por fora muita farofa, por dentro molambo só. — Res modo formoase foris, intus erunt maculosae.
O boi mais velho ensina o mais novo a arar. — A bove majore discit arare minor.
A desgraça do pobre é querer imitar o rico. — Inops, potentem dum vult imitari, perit.


Frases em latim
De Inês S. para André

"O homem faz-se por si. — Faber est quisque tortunae suae."





Amigos, amigos! negócios à parte! — Usque ad aras amicus
Antes de matar a onça, não se faz negócio com o couro. — Priusquam mactaveris, excorias
Boa fama vale dinheiro. — Honesta fama est alterum patrimonium
De noite, todos os gatos são pardos. — Lucerna sublata nihil discriminis inter mulieres.
Emprestaste e não cobraste; e, se cobraste, não tanto; e, se tanto, não tal; e, se tal, inimigo mortal. — Si prestabis, non habetis; si habetis, non tam bene; si tam bene, non tam cito; si tam cito, perdis amicum
Ninguém se meta onde não é chamado. — Ad concilium ne accesseris antequam vocaris.
O boi mais velho ensina o mais novo a arar. — A bove majore discit arare minor.
O fim justifica os meios. — Quum finis est licitus etiam media sunt licita
O ladrão cuida que todos o são. — Esse sibi similes alios fur judicat omnes
O que é bom por si se gaba. — Laudato vino non opus est hedera
O seu a seu dono. — Suum cuique tribuere.
Onde muitos mandam, ninguém obedece. — Multitudo imperatorum curiam perdidit.
Onde o galo canta, aí janta. — Legitimus propria quaestus ab arte venit.
Onde o ouro fala, tudo cala. — Auro loquente, nihil pollet quaevis oratio.
Pau que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. — Lignum tortum haud unquam rectum.
Pequenas dívidas fazem grandes inimigos. — Aes debitorum leve, grave inimicum facit.
Perdoar ao mau é dizer-lhe que o seja. — Bonis nocet qui malis parcit.
Quanto maior é a ventura, tanto menos é segura. — Nemo infelicitati propinquior, quam nimis felix.
Quem deve a quem me deve, a mim me deve. — Debitor debitoris mei debitor meus est.
Sem dinheiro, tudo é vão. — Absque argento omnia vana.
Uma testemunha, nenhuma testemunha. — Testis unus, testis nullus

Frases em latim
Da Inês S. para o Artur

"Não faço nada porque não consigo fazer alguma coisa"


"Estou à espera de nada, não me apetece ir para casa e deambulo que nem sem-abrigo... arrasto-me... agora percebo porque se arrastam os sem-abrigo, porque não têm nada, só vazio... E por isso também falam sozinhos, não há nada para além do seu próprio som... Um canto desabrigado é o que sempre procuram durante a sua eterna espera... desabrigado porque não tem gente, nem pensamentos, nem memória, nem vida... a eterna procura e nunca chegam a encontrar... assim eu espero, arrastando-me..."

textos encontrados... achei que fazia sentido para a tua Amanda, Inês.
Até logo!
Inês S.

Azul Yves Klein ou a efémera felicidade de Patrícia e Amanda

Body Painting
Flamework
Yves Klein Blue 1
Yves Klein Blue 2
Yves Klein Blue 3

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Reflexão de Amanda ao acordar (inevitavelmente para mais um dia...)

E quando me debrucei da janela altíssima, sobre a rua para onde olhei sem vê-la, senti-me de repente um daqueles trapos húmidos de limpar coisas sujas, que se levam para a janela para secar, mas se esquecem, enrodilhados, no parapeito que mancham lentamente.
Bernardo Soares, Livro do Desassossego

Mas, porquê é que aquela gaja…? PORQUÊ, 'pá?!

Não lhe custava nada. Não lhe custava mesmo nada ser menos distante… Ela deve pensar que a namoradinha só serve para mobilar a casa! Mas, que bem que fica uma casa com uma gaja deprimida dentro dela… Ela deve dizer isso aos clientes: "Sabem qual é o meu ideal? É aquele onde pudemos encontrar alguém deprimido lá dentro." Sim, repito "alguém." Porque quem sou eu na vida dela?! Sou "alguém". Alguém sem importância, alguém que existe para ser esquecido, alguém que existe mas é como se não existisse… Devo ser muitos "alguéns". A única pessoa que devo ser é a Amanda, a namorada de Patrícia…

Foda-se… Se ela soubesse como me irrita todos aqueles risos estúpidos aos desconhecidos! Ela é do povo! Sorri para toda a gente! Toda agente merece ver a sua alegria de viver! E a mim, caralho? Alguém merece a minha ângustia de não poder criar?! Foda-se, parece que não…

Se ela pudesse… Se ela soubesse… Não lhe custava nada. Não lhe custava mesmo nada ser menos distante…

jps

o feitiço


i put a spell on you - screamin' jay hawkins I put a spell on you ’cause you’re mine You better stop the things you do I ain’t lyin’ No I ain’t lyin’ You know I can’t stand it You’re runnin’ around I can’t stand it cause you put me down I put a spell on you Because you’re mine You’re mine I love ya I love you I love you I love you anyhow And I don’t care If you don’t want me I’m yours right now You hear me I put a spell on you Because you’re mine

Ensaio

E amanhã o ensaio decorrerá em Cascais, Praia da Conceição (perto da estação) e depois num apartamento esconso na R. Freitas Reis, 24-b, 3º Esq. A partir das 14.30.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Nuvem de Pensamento de Laura

Waste me, rape me my friend
Kurt Cobain (Nirvana)

Não, não sei… Mas fá-lo! Fá-lo tu, porra! Não estás à espera que seja eu a fazê-lo ou estás? Pois, se calhar, estás mesmo à espera que seja eu a fazê-lo… Não, não e não! Fá-lo tu! Tu é que o sabes fazer! Tu é que aprendeste! Tu é que és assim! Não, não faço! Fá-lo tu! Não e não! Não é esse o meu guião! Ai a merda… Porque é que insistes? Pensas mesmo que eu sou capaz de o fazer, mas não sou… Pensando bem, se calhar sou… Pois, se calhar sou! Vou-te mostrar… Não! Não facilites as coisas, então! Queres mesmo que seja eu a comandar? Está bem, eu vou fazê-lo… Hein?! O que disse eu? Não… Não, eu não… Eu não o sei fazer! Fá-lo tu! Não, não sei. Fá-lo tu, porra!

jps

Vago pensamento de André (depois de ter um bebido um bocado…)

All I can do is be me.
Whoever that is.
Bob Dylan

Durante muito tempo reprimi-me por tudo o que o fazia e por tudo aquilo que deixava por fazer… Reprimia-me por isto, por aquilo, por aqueloutro… Reprimia-me pela merda de vida que tinha e pela merda de vida que podia ter… Reprimia-me por tudo e por nada. Sim, porque também me reprimia pelo nada que também tinha feito! Boa expressão! Reprimia-me pelo nada que também tinha feito! Reprimia-me pelo nada que também tinha feito, porque também o nada que fazia, era tudo o que eu tinha para me reprimir! Mas, porquê? Porque raios havia eu de me reprimir?! Sim, porque havia eu de me reprimir?! Enquanto me reprimia, não vivia… Dizia aquelas coisas obscenas para mim mesmo: "não deves fazer isto, deves fazer aquilo"… Foda-se, mas eu sou escravo de alguém, é? Ah! E ainda por cima, tinha aquela gaja sempre mandar vir…

Ah… Mas tudo mudou! Agora quero ser eu! Quero ser eu mesmo! Mas… o que quer dizer "ser eu mesmo"?! Ah… quero ser eu mesmo seja lá isso o que for!...
jps

Inquérito musical

Rita, Laura, Patrícia, Amanda, André, Artur: Que músicas circulam nas vossas playlists, agora que o Verão vai alto, e o Oceano vos dá os bons-dias todas as manhãs?

Artur (Estevao)

o melhor ainda: oiçam a música através deste link pois o video é animado e bastante interessante de se ver...o que vos parece? deixem opiniões... Abraços

Antes de irem a esta link leiam o post abaixo

http://www.youtube.com/watch?v=Y3IgHKrsQA0&feature=related

Artur (Estevao)

Neste link podem encontar a música que reflecte um pouco a ideia que hoje falamos acerca da não mudança, acerca da metamorfose que nunca chega a borboleta.
Toda a letra é importante bem como o ritmo que envolve a propria musica mas para mim o essencial é a parte que se segue abaixo (se puderem oiçam a música ao mesmo tempo que lêem a letra)
PS- no link doYoutube que vos enviei, depois de carregarem o video se descerem um pouco está lá a letra toda para os mais interessados... bem hajam!

I against I,
Flesh of my flesh,
And mind of my mind,
Two of a kind but one won't survive,
My images reflect in the enemies eye,
And his images reflect in mine the same time,

http://www.youtube.com/watch?v=1EsGwLFchRg

Rita's Diary - De 13 para 14

Cada vez mais distante...vai ver se me importo.
Acha que tem amigas...que é muito sociavel...que faz o que quer quando quer...

Não tenho nada contra isso, desde que seja um direito que cabe aos dois...vejamos se se eu alinhar nesse jogo se ele também irá gostar...

Nem me vou preocupar...Living life, no worries...

Quero ser forte, quero viver a vida sem receios, sem arrependimentos...mas essa mascara começa a cair...

Quero acentar um pouco, desacelarar um pouco...sem perder vida, sem perder emoção, energia, impulsos, sem parar de viver...

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------


No meio de isto tudo, ele baralha-me...quando nos encontramos em quatro paredes a atenção volta...como se nada tivesse acontecido...mesmo.
Na boa...sem problemas...mas falta-me as cartas na mesa, a clareza das coisas, sem mal entendidos, falsas interpretações...
Vai chegar essa hora...talvez mais cedo do que se pensa...
Não consigo viver muito tempo ás cegas, não consigo mesmo...
Não saber ao certo o que o outro pensa, em que estado está...Vamos clarificar!

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------


Ciúme. Tenho ciúmes.
O que é que há para não gostar? De que se queixa ele? Porque age como se eu não existisse ou como se lhe fosse indiferente eu ter aparecido ou não ter?

Rói-me por dentro. Rouo-me por dentro...
Quando quer vem, desaparece quando não lhe apetece...não é bem assim, não sou um boneco com que se brinca e se arruma a seu belo prazer.
Sou um ser humano, que sente, ama e sofre...mas que ama tão fervorosamente quanto odeia, ou sabe odiar...no dia em que tudo ficar claro como água, que nenhum nevoeiro oculte segundos e terceiros sentidos...talvez serás tu a sair magoado, a ser apunhalado.

O amor é duradouro...mas a paixão esgota-se...e amor não tenho o suficiente para chama-lo de duradouro.



Rita

terça-feira, 21 de abril de 2009

Il Silenzio


Chegará o dia...

Antony with Leonard Cohen - If it be your will

"If It Be Your Will"

If it be your will
That I speak no more
And my voice be still
As it was before
I will speak no more
I shall abide until
I am spoken for
If it be your will
If it be your will
That a voice be true
From this broken hill
I will sing to you
From this broken hill
All your praises they shall ring
If it be your will
To let me sing
From this broken hill
All your praises they shall ring
If it be your will
To let me sing

If it be your will
If there is a choice
Let the rivers fill
Let the hills rejoice
Let your mercy spill
On all these burning hearts in hell
If it be your will
To make us well

And draw us near
And bind us tight
All your children here
In their rags of light
In our rags of light
All dressed to kill
And end this night
If it be your will

If it be your will.

Reunião para Improvisações

A todos os interessados, a reunião da equipa para Ensaios Improvisados sobre as cenas já reveladas irá ocorrer amanhã:

Dia 22 Abril, Quarta-feira
com ponto de encontro às 14h na estação de comboio de Barcarena

ou
na seguinte morada:

Avenida Heróis da Liberdade, n.º11 4ºDto
2745-790 Massamá


The 70's are back?

rita e artur

Imagens do Pola X, Leos Carax (1999)

…ouvimos a pele a rasgar… os cabelos prenderem-se às mil mãos de cada um… imagens perdidas… vultos escurecidos pelas sombras azuis… sobrevivem através dos ruídos… a arma de cada um fere o corpo do outro… sangram… gritam… gritam… a noite dilata as feridas… continuam… repetem-se... até que a manhã traça um risco amarelo no horizonte… ri-se deles... de nós... fim.


segunda-feira, 20 de abril de 2009

Pink moon gonna get you all.

Ext/Dia. Piscina do Hotel. 


       Das margens da piscina, pode ver-se toda a extensão da Praia Grande. Alguns veraneantes passeiam-se pelo areal, mas a maior parte protege-se do sol forte do meio-dia debaixo dos chapéus de sol. RITA está deitada numa espreguiçadeira, junto à amurada, do lado do mar. Tem postos os auscultadores do seu IPod. Ouve “Pink Moon”, de Nick Drake: I saw it written and I saw it say/Pink moon is on its way/And none of you stand so tall/Pink moon gonna get you all. Fita algo no areal.
       Agora vemo-lo também. É ANDRÉ que está ali, sentado junto à prancha de salva-vidas, fincada na areia. Olha para duas raparigas jovens que passam, de biquini. Rita não altera a sua expressão, continua a fitá-lo. It's a pink moon/It's a pink, pink, pink, pink pink moon, sussurra Nick Drake aos seus e aos nossos ouvidos. 

(...)

domingo, 19 de abril de 2009

A felicidade não tem história

AMANDA
Disseram-me um dia que a felicidade não tem história. E agora essa parece-me ser a única verdade do mundo. Não sei há quantos meses é que me abandonei. Não sei quantos meses foram estes meses em que desisti de contar a história da felicidade. Mas a verdade, a única verdade dos meus dias é que por sermos tão felizes deixamos de ter coisas para dizer. E nesse instante, no preciso instante em que não nos resta nada, a história acontece: a história acontece na infelicidade.
A felicidade não tem história...
Não há história no conforto.
Depois disto, o que me resta?
Não estás pronta para me resgatar, pois não Patrícia? Não estás pronta para me levar deste sítio onde vim parar? De quem é a culpa meu amor, se não há sequer um esforço para respirar debaixo de água?
Vou acabar por me afogar, e nem vai doer nada...

A busca da Laura

A Laura sempre viveu na sua pequena cidade de Castelo Branco. Um espaço demasiado pequeno para ela, para a dimensão da sua mente de viajante. Assim, ela aprendeu a sonhar para alargar esse mundo. Aprendeu a idealizar todas as vidas que poderia vir a conhecer, todas as terras que poderia vir a pisar, todas as experiências que poderia vir a ter. Idealizou primeiro o futuro, depois o passado e começava até a ter tendência para idealizar o presente. Mas ela nunca quis viver dessas idealizações, ela queria tornar muitas dessas ideias, realidade. O máximo que pudesse. Começou a perceber que, se assim queria, tinha de fazer por isso. E o seu maior passo nessa direcção foi a sua ida para Lisboa para estudar, provavelmente até contra a vontade dos pais.
No entanto, deparou-se logo com a dificuldade de lidar com esse novo mundo que tinha à frente e que era bem concreto. Andou de certa forma a arrastar-se, fazendo o indispensável para se manter em Lisboa, mas sem saber que mais fazer para viver experiências novas e sentir-se bem, integrada e realizada. Sentia-se sozinha também. O Professor Orlando foi, então, o primeiro a preencher o espaço vazio que os sonhos e os medos deixavam na Laura. Ele ganhou, por isso, uma dimensão gigantesca na sua vida: para além de preencher a solidão dela, compreendia-a e tinham muitas coisas em comum – coisas do mundo concreto. Ele foi o primeiro a partilhar esse mundo com ela e a mostrar-lhe muito daquilo que ela tinha para viver.
A morte dele fá-la cair numa nova idealização: o que é a morte para qualquer ser vivo? Acima de tudo, uma idealização. Para além dela perder o porto de abrigo onde depositou todos os sonhos e os transformou em vivências concretas, ela voltou a ficar sozinha perante o mesmo mundo ainda desconhecido e umas memórias que não podia partilhar com ninguém. O que é que ela faz? Volta a idealizar, ainda mais que antes.
Até conhecer, finalmente, a Rita, que a faz ter de novo consciência do que pode existir de concreto numa vida e do que isso pode ter de bom para ela. Assim, a Laura volta a sentir vontade de viver, de viver experiências bem concretas! Mas ainda tem um longo caminho pela frente… não é uma tarefa nada fácil…

Inês S.

Youth without youth

Olá a todos. Venho dar-vos conta daquilo que tenho pensado e feito em relação ao trabalho de escrita para o nosso filme.
Há um cartaz que, desde há anos, me incomoda, apesar de pouco mais conter que a seguinte citação de Epicuro: “Faz tudo como se alguém te observasse” É possível que também alguns de vocês o tenham visto. Cinco por três metros, com a silhueta de um homem que se destaca contra um fundo amarelo, e empunha à altura dos olhos uma moldura vazia. Ignoro o motivo pelo qual este cartaz se encontra tão disseminado, uma vez que não existe sequer, no dito cartaz, a menção a alguma marca ou serviço que o subvencione. Assim, este cartaz parece assumir a função de um mandamento ao cidadão comum, a apelar a que cada um imagine um espectador para as suas próprias acções. Ora, acontece que a minha máxima é precisamente a contrária, e que me parece preferível imaginar que estamos, ao invés, e sempre, sozinhos.
O mandamento de Epicuro não passa, a meu ver, de uma formidável armadilha, que tem feito não poucas vítimas ao longo dos tempos. Esta armadilha é vizinha próxima do temor religioso, da devoção ao líder político, e de todas as formas de escravidão.
Há, no entanto, um periodo (mais ou menos largo) na vida de cada um em que nenhum destes males oferece perigo. Trata-se da juventude, que é passada (sempre) na mais terrível, espontânea, divina solidão. A rebeldia adolescente é bem o fruto desta consciência de existir dentro de nós um fogo inesgotável, uma vibração em função da qual todo o Universo se sintoniza. A juventude, creio, é isso mesmo.
E, se esta minha opinião vos pareça de refutar, espero ao menos que seja clara. São preferíveis os erros claros aos erros obscuros porque, em relação àqueles, se pode traçar oposição, enquanto que estes nada adiantam ou atrasam à tarefa do pensamento. Quando muito, fazem passar o tempo - como, aliás, a má televisão. E como o nosso tempo urge, daqui a poucas semanas estaremos a filmar, e o que aqui se pretende não é má televisão, mas bom cinema, deixem-me dizer o que penso sem meias-tintas:
Aquela frase de Epicuro tem-me vindo muitas vezes à mente, nestas últimas semanas. Não estou habituado a escrever sabendo, de antemão, que o produto da minha escrita vai necessariamente passar por tantos observadores. Tem-me sido muito difícil escrever as cenas para o nosso filme. A questão, aliás, nem está no número de observadores, mas sim no facto de, aqui, todos eles terem um rosto e um nome (o vosso rosto, o vosso nome). Isto porque a escrita, para mim, é o mais solitário, e o menos encenado dos actos e, se eu aceitasse brandamente o mandamento de Epicuro, faria desse acto, que tanto prazer me tem dado, uma enorme encenação. Coisa que tenho de rejeitar.
Portanto, restou-me escrever como se vocês não viessem a ser os espectadores e juízes deste trabalho. Escrever, até certo ponto, para mim próprio.
Finalmente encontro-me na situação de o conseguir fazer. O trabalho descolou. Tratou-se, afinal, de encontrar em mim alguns traços daquela mesma juventude, conforme vo-la defini. De outro modo, seria impossível apresentar-vos fosse o que fosse.
Desculpem a tardia adesão ao blogue. Foi uma longa (e, para mim, proveitosa) caminhada para chegar aqui: a esta mesmíssima conclusão, com muito de redentor.
O trabalho segue dentro de breves momentos. Para vossa apreciação, claro está.

Luís M Cruz

Caminho, caminho sem direcção.

Sobre a AMANDA
"Caminha, caminha, caminha sem direcção como se o teu corpo fosse apenas memória de liberdade, liberdade que rebenta as cores do segredo pintado, tanta coisa por dizer, caminhas, caminhas sem direcção, electro, e também petróleo, e até de pé, de pé e caminhas tu, o mistério, o mistério esse, como diz a canção, será que o persegues, há brisa de verão agora e tu? Terás o mistério? Tanto por dizer, por dizer um tanto mais, caminha, caminha, caminha sem direcção, caminha sem direcção, tanto por dizer e tu, e tu caminhas, caminhas sem direcção, a luz mistura-se, é luz ou não-luz, a luz mistura-se e passas, sim, sereno, passas tanto, passas tanto, tu caminhas, caminhas sem direcção, passas tanto, passas tanto, caminha, caminha sem direcção, passas tanto, e tu, tu na gaiola..."


Suburbia PlayTime, Maio 2005

fall asleep Amanda.







Vassy Popova

Podia ser assim...

Habla con ella, Pedro Almodovar, 2002

O silêncio da casa quando não estás

AMANDA
Quantos cigarros serei capaz de enrolar até conseguir finalmente fumar um, um único que seja? O que há para fazer está na cabeça, mesmo que seja sustentar um vício. A Patrícia não está em casa, mais uma vez não está em casa. Foi passar o fim de semana a S. Pedro do Sul, com uns amigos. Deixou de perguntar se quero ir com ela. Nunca cheguei a ir e agora também parece tarde para tomar essa decisão. Gosto do silêncio da casa quando ela não está; gosto da sombra que as cortinas fechadas desenham na parede. Vou fumar um cigarro, um dos muitos que enrolei durante a tarde...

Artur (Estevao)



Um dos meus casulos...

Artur

Olá Hugo!
Eu sou o Estêvão e sou eu que escrevo pelo Artur uma vez que este é o nome do personagem... Abraço!

sábado, 18 de abril de 2009

Qual a dose de loucura necessária?


Qual a dose suficiente?

Nico - Janitor of Lunacy

Janitor of lunacy
Paralyze my infancy
Petrify the empty craddle
Bring hope to them and me

Janitor of tyranny
Testify my vanity
Mortalize my memory
Deceive the Devil's deed

Tolerate my jealousy
Recognize the desperate need

Janitor of lunacy
Identify my destiny
Revive the living dream
Forgive their begging scream

Seal the giving of their seed
Disease the breathing grief

Os teus dedos – poderão estar enroscados no vento, os teus dedos que já não existem? Quando tu existias, o vento era apenas vento. Cada coisa tinha uma forma exacta e uma história de duração. Perdi a dureza que me fazia durar quando te perdi – ou melhor, quando desapareceste e eu me perdi em ti.

22 de Outubro de 2007

Laura

Difficile est longum subito deponere amorem

Orlando…

Cheguei a Lisboa. Tantos carros, tanta gente apressada, tanta confusão. Sinto que parei no tempo (ou foi este que parou?), com tanto movimento à minha volta. Para onde devo ir e como? Estou perdida… Mas não posso desistir agora! Vamos Laura, avança. São só carros, são só pessoas… apenas em maior quantidade e num ritmo mais acelerado…
Mas não. Bloqueio. Não consigo. A minha vida resume-se a ir do quartinho que arranjei aqui, para a Faculdade, esse grande lugar com tanta gente junta e da minha idade como nunca antes tinha visto (mesmo somando todos os que conheci ao longo da vida inteira e multiplicando pelo mesmo número). E da Faculdade para o meu quartinho. Só preciso de apanhar o metro (esse transporte incrivelmente estranho e útil que é quase mítico no interior de Portugal) e ando quatro estações para chegar ao meu destino. Era esta a minha vida até te conhecer…

Para ocupar o meu tempo livre e não dar em doida com a solidão que se encontra no silêncio de um quarto, comecei a frequentar o “clube das clássicas - ler e conversar sobre os clássicos”. Eu fazia a primeira parte da proposta e da segunda escapava sem ninguém reparar. Até um dia. Até ao dia em que tu reparaste. Nunca te tinha visto até esse dia, nunca tinha sequer ouvido falar de ti. E a partir desse dia, foi como se só passasses a existir tu e o resto era o tempo a passar. Pela primeira vez desde há muito, senti o tempo a passar…
Tu reparaste naquela rapariga com uma mochila preta cheia de livros, que apontava muito do que ouvia e olhava depois pensativa para um qualquer ponto da sala que não o olhar de alguém. Tu reparaste naquela rapariga discreta e solitária e sentiste a perdição do seu olhar. Sentiste, foste o primeiro em tudo. Naquele dia nasci. Tu nasceste-me.
Vieste ter comigo no fim e perguntaste se eu dava aulas ali ou noutra faculdade. Fiquei completamente perplexa, nunca me fizeram mais velha, muito menos numa primeira “miragem”, nem respondi… E nesse olhar infantil de perplexidade com as surpresas do mundo, tu percebeste o teu engano e gargalhaste. Uma gargalhada tão intensa que me encheu de vida para te conseguir responder. Soltei um risinho nervoso, mas cúmplice e disse: 1ºano, turma B. Sem dar por nada ficámos a conversar mais de uma hora até dizeres que tinhas de ir: “Até amanhã, sra. Professora” – disseste a sorrir. Um sorriso tão rico que se contagiou de forma tal e me acompanhou o resto da noite, viajando até nos meus sonhos.
No dia seguinte não pensava em mais nada senão em ver-te, em poder retribuir-te um sorriso mais uma vez, por mais singelo que ele fosse. Procurei-te por toda a parte e quando te vi, perdi a coragem e corri para casa. Isto passou-se durante dias e dias. Perseguia-te sem que me visses. Não me sentia digna das tuas palavras, do teu tempo e atenção e por isso perseguia-te escondida. Não conseguia deixar de te perseguir. Perseguia-te para que o tempo existisse.

Passado muito tempo, semanas ou talvez meses, voltaste a surpreender-me. Apareceste na aula de Política e Sociedade Romanas e pediste para me dar uma palavrinha. A professora Amélia nem sabia quem eu era, como é óbvio, ainda que tivesse sido a única a tirar 19 na primeira e única frequência até então. Foi a primeira vez que a minha turma reparou que eu existia, porque tu chamaste por mim. O meu coração estava taquicárdico de tanta vontade de te seguir naquele preciso momento. Mas tive de esperar pelo fim da aula. Depois corri o mais depressa que pude até ao teu gabinete, onde me recebeste com o teu sorriso maravilhoso e com a pergunta: “por onde tens andado rapariga? Tenho procurado por ti…”. Acho que nunca te ouvi um “olá” ou “bom dia”; tinhas o bonito hábito de me receber sempre com uma questão. E era disso que eram feitas as nossas tertúlias, de perguntas e respostas. No início perguntavas mais tu que eu, mas cedo percebeste que eu não era boa a responder…as minhas respostas costumam ser curtas, para não me baralhar mais. Mas a verdade é que também sempre fui má a perguntar, com medo de invadir um espaço que não é meu, ou de não fazer uma pergunta inteligente…sim, porque o maior sábio não é tanto aquele que responde a mais perguntas, mas sim aquele que faz as melhores perguntas perante um problema que surja. Mas foste tão perfeito para mim, que cedo soubeste como fazer-me falar. E o mais incrível, é que te interessavas pelo que eu dizia! Começaste a procurar-me para te ajudar com a preparação das aulas, para discutirmos ideologias, interesses… tantas vezes falámos da complexidade do ser humano, que tanto nos interessava… Apaixonaste-me pela mitologia clássica, disciplina leccionada por ti e que eu ia ter no 3ºsemestre =) quase não precisaria de a ter mais tarde, uma vez que estava a ter aulas particulares, mas também nunca me iria importar de ouvir o mesmo várias vezes, desde que fosse dito por ti. Apaixonavam-me as tuas palavras, a tua vida!
A certa altura percebi que eu também te apaixonava. Apaixonava-te com as minhas respostas e as minhas perguntas, apaixonavam-te os meus escritos (de todo o tipo, até mesmo os apontamentos das aulas). Descobriste que aponto coisas que ouço ou que leio, que aponto pormenores comportamentais de alguém em quem reparo. Apaixonaste-te por isso…ficávamos horas a discutir porque é que o professor de latim coçava as partes baixas sempre que intimidava alguém com uma frase para traduzir, ou porque é que tu coçavas a barba sempre que lançavas uma pergunta comprometedora, ou porque é que a professora Amélia se agarrava ao seu fio com um medalhão de Nossa Senhora de Fátima durante a apresentação de trabalhos…
Impressionavas-te muito com o que escrevia. Dizias-me: “Os escritores barricam-se em histórias para não sofrer. Primeiro sofre-se, escreve-se por vingança. Depois atinge-se o requinte de escrever em vez de sofrer – as personagens que sofram por eles e, se possível, para lucro deles. Já atingiste esse requinte, ainda que o teu único lucro seja o que aprendes. Sofres por escrever e escreves para aprender.”.

Havia uma cumplicidade entre nós que não terei com mais ninguém. Um perante o outro estávamos nus.
Sabia que eras casado, nunca mo escondeste mas, para mim isso era uma realidade tão distante que quase não existia, a não ser nos momentos em que dizias “Tenho de ir”. E começou a acontecer que, para ti, essa realidade também ficou cada vez mais distante.
Chegou o dia em que o que havia entre nós ultrapassou os campos da cumplicidade nos gostos e ideologias. O respeito e admiração fizeram crescer um desejo de união inexplicável.
Naquele fim de tarde quente, levaste-me a casa e disse-te para subires e veres uns textos que uma senhora idosa de quem cuidei em Castelo Branco me tinha deixado. Umas relíquias sobre a mitologia grega, escritos em grego arcaico, que eu andava há tempos a tentar traduzir. Não resististe, claro. Chegámos ao meu quarto e comentaste a sorrir “Estou sempre a dar-te uns anos a mais na minha cabeça”. Deve ter sido de olhares para os meus peluches…e no entanto, assim que te sentaste à espera dos textos, agarraste-te tu também ao meu Cácá, o meu peluche laranja de ar simpático e sorridente, que identifiquei contigo, anos antes de te conhecer.
Sentei-me a teu lado com os textos na mão. Nunca me aproximara tanto do teu corpo. O teu cheiro surpreendeu-me pela delicadeza e pela névoa erótica. Encostei o meu braço ao teu e comecei a transpirar. Sentia uma vontade violenta de me desmoronar em ti. Queria oferecer-te o meu corpo para que o absorvesses no teu.

Pouco tempo depois divorciaste-te. Achei que te ia ter para sempre.
Os meses que passámos juntos pareceram uma vida inteira… porque foram a única época em que realmente vivi. Vivi tão intensamente que a morte deixou de existir. Eu vivi-te. Terei por isso sido eu a matar-te?

Esprememo-nos quanto era possível, sem nunca saciar aquela fome. Oh se eu pudesse voltar a ter só um pouco daqueles momentos em que nos estendíamos na cama a ver aqueles documentários sobre Alexandre, o Grande, ou sobre a música Antiga da Grécia associada à mitologia… se eu pudesse voltar a levar-te o pequeno almoço ao gabinete com um jornal na mão e um artigo assinalado para leres com mais atenção e discutirmos mais tarde… se eu pudesse receber de novo o dicionário mitológico que me deste… Se eu pudesse, simplesmente, voltar a sentir a tua existência! Oh, se ao menos uma gota de ti pudesse ainda escapar da tua morte para a minha vida, irmanar-nos num pacto de sangue, com a leviandade valente das crianças!

Havia um único propósito no mundo que te movia mais do que todos os que eu partilhava contigo… e era também esse o único que eu não podia partilhar por mais que quisesse…os teus filhos. Da minha idade praticamente, um deles mais velho até, foram a paixão que te afastou de mim primeiramente. Mesmo assim, mantiveste-me viva, por mais longe que eu estivesse do que me habituaras a estar. Eles estavam magoados contigo, queriam o pai de volta e tu voltaste. Eu fiquei. Era difícil, ninguém nos diz como sobreviver ao murchar de um sentimento que não murcha, mas continuava a sentir o tempo passar porque tu existias. E eu continuava a viver em cada um dos teus gestos.
Ligavas-me de pequena eternidade em pequena eternidade e dizias ter saudades não pelas palavras que usavas, mas pelas tertúlias que instaurávamos automaticamente com temas lançados por ti. De resto, eu sobreviveria em ti, no permanente campo de batalha da tua memória, não precisava de mais. O pior foi quando também esta se foi e só sobrou a minha. Mais valia agora ela não existir, porque assim poderia morrer, uma vez que é só ela que me mantém viva sendo o único sítio onde ainda permaneces…

Foi também num fim de tarde quente que me morreste. Partiste mais cedo, mas só ao fim da tarde eu o soube. Ao ver a professora Amélia agarrada à sua Nossa Senhora e a informar um professor de 3.º ano do ocorrido, caí incrédula no chão do pátio perto da esplanada. Socorreram-me, tentaram perceber o que se passava comigo (conseguíramos manter a nossa relação em segredo porque nunca ninguém nos deu atenção suficiente, especialmente a mim… e felizmente que assim foi…). Consegui fugir das pessoas mais uma vez e correr para casa com a mesma pressa que tinha quando te procurava no início. Mas quando dei por mim, não era em minha casa que estava, mas na tua. Não sei quanto tempo passou até ver alguém da tua parte – a tua filha. Passei a noite à tua porta e ela só apareceu de manhã. A noite foi eterna e vazia. Não chorei porque nem lágrimas tinha para isso. As lágrimas têm vida a mais para aquela que eu passei a ter nesse dia. Se antes de te conhecer tinha pouca, agora nem forças tenho para sobreviver, sou apenas uma existência vazia…
Consegui ir ao teu velório. Consegui ir ao teu funeral. Ninguém parecia saber que tinhas o sonho de ser sepultado como os antigos nobres micénicos, com algum do teu equipamento militar junto a ti. No dia seguinte consegui deixar-te as relíquias da senhora de quem cuidei em Castelo Branco e a tradução já feita… ao menos com isso pudeste ficar para poderes continuar a batalhar na tua constante pesquisa…
Agora acabei. Queria morrer, mas não consigo. Morreste-me antes que eu morresse, e não consigo morrer sem ti…
Por isso acabei… simplesmente acabei…

19 de Outubro de 2007

Laura

Cheila/Rita, fala Rita

Começa a ser dificil separar uma da outra...dou por mim a pensar como Rita e a actuar como Rita na vida da Cheila...mas que é a personagem se não eu mesma? Saliento umas caracteristicas que são minhas, mesmo que não as utilize tão frequentemente ou com tanta ou pouca intensidade...mas são minhas, sou eu!

Por isso nestes discursos é normal que se confundam...mas trabalham para o mesmo fim, perceber, neste momento, quem é a Rita, onde está, para onde caminha, o que a faz caminhar...o que a faz pessoa.

Comecei por perceber que a Rita era uma pessoa que ama a vida, que não se agarra ás coisas, pouco de sofrer...que sabe realmente divertir-se e aproveitar a vida...

Longe vai esse pensamento, ou modificado está...comecei a olhar para a Laura, olhei para o meu passado em busca de respostas para o meu presente, e futuro que irei "rodar", e tudo se tornou maior, mais complicado, mais pessoal, mais meu, mais aplicavel....

Encontro-me numa busca constante de clarificação...
Sou impulsiva, achei que depois de tanta estabilidade na minha vida precisava de me atirar de cabeça...mas depois preciso constantemente de um update, de perceber onde estou, com quem estou e o que estamos a fazer...
A minha angustia vem daí...não se estou bem ou mal com o André...quero saber apenas onde estou, pro bem ou pro mal...tanto faz...preciso apenas de saber onde estou...

Ás vezes pareço perder-me nas minhas próprias acções e isso aflige-me, e penso na Laura, que tem medo de agir...confesso que também tenho, mas não consigo ficar a pensar no "e se", faço e pronto...mas depois perco-me nas acções, faço tanto que me perco...e a luta começa...ONDE ESTOU AFINAL? É só que quero saber...

Não quero idealizar, quero o concreto, sem meias palavras, sem segundos sentidos...

A vida real já é lixada o suficiente, a realidade já magoa que baste...não vamos complicar mais as coisas tentando enfeita-la ou deturpa-la.

Dá-me a realidade pura e dura...
Não tenham pena de mim...
Apenas peço o que ninguém pede...por isso estranham...
Se é auto-destrutivo ou não? isso cabe-me a mim descobri-lo e viver com isso...não dou a minha carga a ninguém...

Cheila e Rita

sexta-feira, 17 de abril de 2009

De Cheila para Patricia

I couldn't resist him
His eyes were like yours
His hair was exactly the shade of brown
He's just not as tall, but I couldn't tell
It was dark and I was lying down

You are everything - he means nothing to me
I can't even remember his name
Why're you so upset?
Baby, you weren't there and I was thinking of you when I came

What do you expect?
You left me here alone; I drank so much and needed to touch
Don't overreact - I pretended he was you
You wouldn't want me to be lonely

How can I put it so you understand?
I didn't let him hold my hand
But he looked like you; I guess he looked like you
No he wasn't you
But you can still trust me, this ain't infidelity
It's not cheating; you were on my mind

Yes he looked like you
But I heard love is blind...

Artur

É isso Hugo! Não haver mudança! Não haver mudança! hahahahahah! é isso! metamorfosear-me para sair uma minhoca do casulo! hahahahah! que bela partida esta não?!não consigo parar de rir com a imagem da criancinha que guarda os bicinhos da seda na caixinha dos spatinhos e depois vê os bichinhos a fazerem os casulosinhos e depois no belo dia das borboletas, acorda abre a caixinha dos sapatinhos e é só bichinhos da seda outra vez!!!hahahah! não parar de construir casulos! obsessivamente!
Acabei de ler o que tinhas escrito acerca de mim e do Hulk...é isso! um corpo sem orgãos! uma mente apenas talvez...?
Obrigado!

Artur

Será que o Artur mudará assim tanto até chegar ao ponto de se matamorfosear a vários nivéis?
O que eu quero é pensar nessa matamorfose e não obrigatoriamente terminar a minha vida com o aparecimento da borboleta, prefiro antes passar por várias metaformoses, uma mais impostas do que outras que me premitam criar novas relações e establecer novos laços. Estou farto de que me apontem o dedo! Estou farto de que me digam "a ti conheço-te eu bem..." com um ar superior e incriminatório. Preciso e quero estar rodeado de pessoas que não conheço e não me conhecem para que o beneficio da duvida me faça construir casulos cada vez mais fortes. Preciso de algo de novo, de partir do ponto em que todos somos declasrados inocentes até prova em contrário. Preciso de deixar de viver nesta insegurança que não me permite ser EU perante os outros onde apenas o que faço é aplicar conhecimentos de ralações inter-pessoais qie a vida me foi ensinado e por vezes impondo! Basta de que não me olhem nos olhos e não oiçam o que estou a dizer! Se tenho um lado mais negro é justamente porque esse lado me traz o poder que não consigo alcançar de oputra forma. Se para ter pessoas perrto de mim a ouvirem-me preciso de ser o seu dealer seja lá do que for, então é isso que serei, e quendo me deixarem de ouvir partirei para uma nova construção, com diferentes materias, diferentes tecnicas, diferentes, diferentes,diferentes...
Mas por enquanto não vou e ainda vão ter de levar comigo por muito mais tempo.
As imagens abaixo são minhas...vejam lá se percebem foda-se!

terça-feira, 14 de abril de 2009

Burocracias

A todos os interessados em vir assistir à aula de amanhã na casa do Diogo em Sintra contactar o 912287916 (Diogo Branco).
Para quem vier de transportes, apanhar o comboio com direcção a Sintra e sair na estação Portela de Sintra. Na Portela de Sintra apanhar o autocarro com destino a Fontanelas, número 442 e sair em Gouveia.
Boa viagem!
Apareçam...

domingo, 12 de abril de 2009

O meu nome e eu



Laura:
O meu nome vem do Latim. Provavelmente a minha paixão por essa língua maravilhosa, ainda que cada vez mais em desuso, provém já das origens do meu nome. Quiçá das origens da minha alma…e essa já pode ter viajado bastante antes de me conhecer… Laura significa coroa de folhas de louro. Só daqui se pode pensar na simbologia de cada palavra e talvez encontrar muitos paralelismos com aquilo que eu sou. Uma coroa remete para aquele símbolo circular que confere a cada pessoa que a usa um certo estatuto divinal, um poder especial. Circular… o ciclo da vida, o ciclo das dúvidas, o ciclo da morte; uma coroa…o objecto que as crianças usam para se sentirem reis, rainhas, princesas e príncipes… remetendo-as para um imaginário gigantesco onde tudo pode existir, basta nós querermos…o lugar onde um mundo novo se pode criar. É, eu continuo a viver às vezes nesse mundo, nesse mundo onde nos podemos perder… porque ele continua a abrigar-me, ainda é aquele que melhor conheço, onde me sinto mais segura. E não é só isso…é o mundo dos sonhos…e não há nada mais belo que sonhar! Eu diria que “sonho, logo existo”. Mas não podemos viver só nesse mundo em que nada é concreto, onde tudo é relativo! Tenho cada vez mais consciência de que não quero só isto para mim… e, por isso, sinto-me mais próxima deste mundo de cá, onde tanta coisa pode acontecer e onde tanto eu quero viver e experenciar coisas novas…
Enfim…
Mas esta coroa, não é uma coroa qualquer… é uma coroa de folhas de louro…é uma coroa de plantas (que remete para aquelas que se vêem nos velórios e funerais… remete para a minha morte… aquele pedaço de mim que não consegue viver, por mais que queira… aquela parte que se arrasta… que espera… em vão…).
E também não são umas plantas quaisquer! São folhas de louro…como aquelas que se põem na comida para dar sabor… não sou tão desenssabida como muitos pensam...
Laura - variante: Lauriana. Nome de pessoas que se deixam dominar por sentimentos contraditórios (Sim… é uma embrulhada aqui dentro…nem vale a pena falar disso… nem eu própria compreendo…). Preocupa-as a opinião dos outros, e são muito selectivas ao escolher companheiros. (Não posso fazer figura de parva. Já o fiz bastantes vezes e se quero realmente participar neste mundo e viver coisas concretas na minha vida, tenho de conseguir que me sintam como eles, não posso parecer diferente, até porque não sou assim tão diferente! Só tenho mais dificuldade em… em exprimir-me talvez… vai tanta coisa na cabeça, que é difícil clarificar, até para mim mesma, quanto mais para os outros! Mas eu aprendo depressa… e tenho a ajuda da Rita agora). Às vezes uma radical solidão as detém. (Uma menina da terra que ao crescer decidiu conhecer o mundo para além da sua pequena cidade. Vai sozinha para Lisboa e sente-se orgulhosa disso, mas morre de medo. Tudo é novo, ela não sabe tão bem como dantes o que é certo ou errado, tudo é diferente. Ela apaixona-se pelo mundo que está a descobrir, mas dêem-lhe tempo, ela ainda tem medo… poucos a compreendem. Ela sente-se desabrigada, sozinha… Ela parece tão distante e afinal é tão fácil chegar a ela. Primeiro o Orlando, depois a Rita… os portos de abrigo que ela encontrou… tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo…)